Projeto “Cantoria no Museu” leva grande público ao MAPP em noite dedicada à poesia e ao repente

19 de outubro de 2018

Entre os presentes à ocasião estavam o pró-reitor de Cultura, José Cristóvão de Andrade, o coordenador de Museus da UEPB, Chico Pereira, o coordenador de Comunicação da UEPB, Hipólito Lucena, dois dos curadores da área de Literatura do MAPP, Joseilda Diniz e Alfrânio de Brito, a servidora Guia Matos, um dos curadores da área de Música do Museu, Sandrinho Dupan e a atriz Joana Marques.
Brincando com as palavras e extraindo versos rimados do cotidiano, Rogério Meneses e João Lídio tiveram duelos emocionantes e engraçados, arrancando risos da plateia. Na dinâmica da exibição também houve espaço para que ela interagisse com a sugestão de temas. Contudo, como de costume no gênero, os dois tinham sempre a resposta de imediato ao oponente. Apresentador oficial do encontro dos poetas populares, Iponax Vila Nova foi uma atração à parte, puxando da memória o ofício de grandes nomes do Repente e declamando para o público.
O “Cantoria no Museu” acontece graças a uma parceria entre o Clube do Repente, a Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da UEPB e o MAPP. A intenção é que o evento ocorra mensalmente, com uma dupla diferente, sempre na terceira quinta-feira de cada mês, dispondo de atrações da Paraíba e de Estados circunvizinhos.
Improviso, rima e métrica
O Repente tem como características o improviso, a rima e a métrica. O antropólogo e historiador Luís da Câmara Cascudo relacionava o gênero ao canto Amebeu, vinculado aos pastores da Grécia Antiga. Todavia, segundo aponta a professora Joseilda Diniz, a relação mais aproximada dos cantadores nordestinos é com os trovadores franceses do período medieval, que se desenvolveu em Portugal no século XII. Quando publicado, o Repente torna-se Literatura de Cordel.
A métrica do Repente é bastante variável. Há a sextilha (estrofes de seis versos, em que o primeiro rima com o terceiro e o quinto, o segundo rima com o quarto e o sexto), a septilha (sete versos, em que o primeiro e o terceiro são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e o quinto rimam com o sexto) e variações mais complexas, a exemplo do martelo, o martelo alagoano e o galope beira-mar, entre muitas outras. A parte instrumental desses improvisos cantados também varia: o gênero pode ser subdividido em embolada (na qual o cantador toca pandeiro ou ganzá), o aboio (apenas com a voz) e a cantoria de viola.

Fotos: Joseilda Diniz e Wafa Sara Sima