Museu de Arte Popular da Paraíba estreia novo projeto periódico com “Cordel do Último Sábado”

23 de abril de 2019

Rendendo salvas ao pretérito, mas sempre antenado às luzes do agora, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, estreará mais um projeto regular esta semana. Trata-se do “Cordel do Último Sábado”, iniciativa efetivada através de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Cultura (Procult) e a Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB). Nele, mensalmente, ocorrerá uma extensa programação, destinada à poesia e toda invenção que ao redor dela gravita. O primeiro evento ocorrerá no próximo sábado (27), às 10h, com entrada franca.
A abertura ficará por conta do Samba Show e do grupo musical Cordel e Violino, com Anne Ferreira. Em seguida haverá o lançamento das obras “O Quiprocó entre Jackson do Pandeiro e Gonzagão” (Marcelo Soares), “O Livro e sua importância” (Marconi Araújo), “A Doida Paixão de um Doido” (Geraldo Bernardo), o Cordel Coletivo “Foi a Vale que errou por descuidar/Devastou Mariana e Brumadinho!”, congregando 64 autores (organização e mote de Marconi Araújo), os cordéis coletivos organizados por Neto Ferreira e com mote dele, “Todo dia me sento meia hora/ No batente da casa da saudade” e “Até nas pontas de ripa/Têm cheiro de poesia”, “Brumadinho sob o olhar dos cordelistas” e “Jackson do Pandeiro Centenário” (El Górrion). Na oportunidade também será procedida com a posse de dois novos membros na Academia de Cordel do Vale do Paraíba: Anne Karolynne e Neto Ferreira.
A manhã terá declamações de Chico Mulungu, Alfrânio de Brito, J. Lima, Maurício Lima, Rafael Melo e Gabriel Diniz. A parte de declamação e viola ficará a cargo de Rubens do Vale e o aboio em versos de Shirlayne Brandão. A atividade contará com exposições de cordéis e xilogravura com Marcelo Soares, Josafá de Orós, Silas Silva da Paraíba, Cordelaria Manoel Monteiro, Casa do Poeta e ACVPB, e menções honrosas concedidas a Maria Diva, Luiz Amorim, João Dantas e Walter Tavares.
Na programação consta ainda um momento intitulado “Vozes de Mulheres”, integrado por Almira Araújo, Aparecida Pinto, Rochelle Melo, Isabelle Karoline, Isabela Moreira e Vanuza Vieira. O encerramento poético-musical caberá a Alfredo Almeida, Rayane Arruda, Luanna Alves e Jéssica Melo.
A ideia que desaguou no “Cordel do Último Sábado” foi gestada durante reuniões entre a Procult e a ACVPB, junto com outros poetas regionais, tendo como ponto de partida as celebrações pelo centenário de Jackson do Pandeiro. Nesses encontros estiveram o pró-reitor de Cultura, José Cristóvão de Andrade, os curadores da Sala 3 do MAPP [Cordel e Xilogravura], Joseilda Diniz e Alfrânio de Brito, bem como Josafá de Orós, J. Lima, Dalmo Oliveira e o presidente da Academia, Marconi Araújo, entre outros.
Diálogo estreito
Para o pró-reitor de Cultura, o projeto é ancorado no forte vínculo que a UEPB, a Procult e o MAPP dispõem com a comunidade e os artistas, prezando pelo diálogo estreito e a consecução de parcerias. “O Museu é interligado com seu tempo, enaltece as nossas raízes, a nossa história, mas mantém a conexão com o atual e a sua produção. Nesse sentido, temos o compromisso de manter vivo o cordel. Nossa criação nessa área é sobremodo profícua e atuaremos na promoção de lançamentos permanentes. Também almejamos dinamizar mais o acesso ao MAPP, para que um maior número de pessoas possa desfrutar dele. Com essa ação, mais uma vez a UEPB evidencia que é uma instituição alicerçada no amor à cultura popular. Agradecemos a J. Lima, que é funcionário da UEPB e membro da Academia, e a Marconi Araújo, pela solicitude e presteza com que nos recebeu”, endossou Andrade.
A professora Joseilda Diniz destacou que por meio do projeto o MAPP é fortalecido como um equipamento para o povo e, igualmente, direcionado aos que trabalham com Arte na cidade. “Reuniremos ativistas culturais, editores, estudiosos e admiradores do gênero, xilógrafos, poetas e poetisas, abrangendo uma ocasião, inclusive, dedicada apenas a elevar o engenho poético feminino. Desejamos que toda a cadeia produtiva do cordel nos brinde com sua presença. Além disso, a iniciativa se configura como mais uma opção de salvaguarda da memória desses artistas, reverenciando nomes como Toinho da Mulatinha, José Alves Sobrinho, Zé Laurentino, Manoel Monteiro, dado que as famílias deles participarão com bancas de tipografias”, explanou.
Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (83) 3310-9738 e 3315-3446.
Sobre a Academia de Cordel do Vale do Paraíba
A ACVP foi fundada em Itabaiana, em 24 de janeiro de 2015, por poetas cordelistas da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Organização social de natureza cultural, ela teve como nascedouro as comemorações referentes ao sesquicentenário de nascimento de Leandro Gomes de Barros. De início dispunha de 28 poetas, completando-se posteriormente as 40 cadeiras.
Dentre os objetivos da Academia estão propagar o gosto pela leitura e difundir a literatura de cordel, estabelecer o cordel nas escolas, promover oficinas de cordel centradas na estrutura de rimas, oração e metrificação, apoiar e estimular de modo contínuo os novos cordelistas, no que se refere à editoração e disseminação das suas obras, favorecer a regularidade de saraus, fomentar e participar de feiras de cordel e eventos relacionados ao tema, entre outros.