10ª etapa do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Oito Baixos da Paraíba é realizada em Campina Grande

17 de maio de 2017


Após passar pelas cidades de Araruna, Lagoa Seca, Patos, Monteiro, Catolé do Rocha, Guarabira, São Vicente do Seridó, João Pessoa e Itabaiana, o Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Oito Baixos da Paraíba chegou a Campina Grande, na última sexta-feira (12). A décima etapa do projeto efetuado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através da Pró-Reitoria de Cultura (Procult), ocorreu no Centro Artístico Cultural da Instituição (CAC).
Marcaram presença no Encontro o reitor da UEPB, Antonio Guedes Rangel Junior; o pró-reitor de Cultura, José Cristóvão de Andrade; e o pró-reitor adjunto de Cultura, José Benjamim Pereira Filho. O evento foi aberto com a apresentação de dois infantes, alunos do próprio Centro, Henrique Diniz e Laís Moreira, ambos de 6 anos. Juntos, ela na sanfona, ele no fole de oito baixos, mostraram sucessos como Ave Maria Sertaneja e Asa Branca. Os emboladores de coco Fredi Guimarães e Canário do Império também participaram da abertura, começando o improviso logo na entrada do CAC.
Sanfoneiros de Campina e de cidades circunvizinhas se juntaram aos estudantes dos cursos do Centro referentes à Iniciação ao Acordeon (Grupo Sivuquiando), Iniciação ao Acordeon (escola de sanfona A Sanfonada) e Iniciação à Sanfona de Oito Baixos, com os professores João Batista, Edglei Miguel e Luizinho Calixto. O Encontro contou ainda com a presença de outros músicos do CAC, a exemplo de Caio César, Erivan Ferreira e Erivelton da Costa, além de Sandrinho Dupan, oriundo do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), Biliu de Campina, Cris Lima, Gitana Pimentel, João Calixto e Marcelo Calixto, Jataí Albuquerque, e dos poetas Alfrânio de Brito, e Lino Sapo, fazendo a parte de mestre de cerimônias. Dançarinos do Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra também estiveram no evento, além do assessor cultural da Procult, Agnaldo Barbosa. O evento teve a participação, ainda, do pró-reitor de Extensão, José Pereira da Silva.
De acordo com o reitor Rangel Junior, com a execução desse evento a UEPB se alinha à resistência pela Cultura do Nordeste, desenvolvendo ações ativas e propositivas. “Houve um tempo em que as pessoas tinham vergonha de tocar sanfona, de cantar. O próprio Luiz Gonzaga passou por isso, havia bastante preconceito. Iniciativas assim trazem uma compreensão mais ampla e têm esse papel do estímulo, sempre necessário”, destacou.
Rangel lembrou também do contexto em que convidou Luizinho Calixto para ministrar aulas de fole de oito baixos no Centro Artístico da UEPB. “Ele ensinava no Recife. Havia um interesse crescente pelo conhecimento de Luizinho em outras localidades, mas aqui em Campina, cidade dele, isso faltava. É com muita satisfação que vemos jovens, senhores, meninas, todos aprendendo, fazendo esse saber se multiplicar”, apontou.
Um problema não apenas local
Um dos participantes da décima etapa foi o maestro Marcos Farias, filho da cantora Marinês [1935-2007]. Marcos apontou que a iniciativa da UEPB é muito pertinente e que não poderia deixar de prestigiar o Encontro, estando em Campina Grande. “É um período difícil para quem faz o forró genuíno, pois hoje existe toda uma apropriação do termo em si, em músicas que nada têm a ver com ele, isso gera toda uma confusão e creio que também seja responsável por ainda menos incentivo para quem promove o gênero original. E não é apenas um problema local, mas nacional”, explicou.
Marcos aproveitou para destacar o apreço que tem pela UEPB e ressaltou a importância do Museu de Arte Popular da Paraíba. “É um espaço extraordinário que Campina e o Nordeste merecem para celebrar o talento de seus artistas. Fiquei muito feliz com a exposição do pandeiro de música que está homenageando minha mãe”, afirmou.
Fotos: Uirá Agra e José Maria